Por Vinícius LisbôaA entrada dos jornais na internet começou de forma tímida. No fim da década de 90, ler notícias na internet era se deparar com as mesmas matérias que estavam impressas. Com o tempo, as atualizações aumentaram, mas a linguagem seguiu os moldes do texto escrito tradicionalmente.
A internet, porém, foi mostrando que suas possibilidades iam muito além. A melhoria nas condições de conexão e uma visão mais ampla do "terreno" permitiram que recursos multimidiáticos cada vez mais sofisticados fossem incorporados às notícias. Vídeos e podcasts (áudios) ganharam mais espaço entre as fotos e caracteres. O número de usuários explodiu e sua relação com a rede tornou-se mais personalizada.
No fim do ano 2000, cerca de 360 milhões de pessoas tinham acesso à internet em todo o mundo, porém quase dois terços delas na Europa e América do Norte, de acordo com o site Internet World Stats.
Em 2009, mais de 1,8 bilhão estavam conectados, sendo 42% na Ásia. O crescimento foi de 400% em todo o mundo, porém muito maior em algumas partes: 934%, na América Latina; 1.675%, no Oriente Médio; e 1.809%, na África.
Também cresceram neste período as possibilidades de interagir e personalizar a rede de acordo com seus interesses pessoais. Se antes já era possível "construir" seu próprio caminho de informação por meio da navegação em links, hoje jornais como O GLOBO já oferecem a chance de "editar" sua primeira página, com assuntos que lhe interessam. A participação deixou de se limitar a comentários.
Jornalismo colaborativo
Agora, ele pode colaborar como repórter, fotógrafo e articulista, com contribuições cada vez mais numerosas. Um exemplo disso é a recente chuva que atingiu o Rio de Janeiro. Mais de 600 fotos foram enviadas para O GLOBO e mais de 400 marcações já foram feitas no mapa que indica a destruição causada pelos temporais.
Ao mesmo tempo que os leitores se tornaram mais próximos do universo dos jornais, estes agora adentram no de seu público por meio das redes sociais. A interação é mais expressiva no Twitter, que ganhou contornos noticiosos, mas também ocorre por meio do compartilhamento de conteúdos em outras redes sociais, além de comunidades em sites como o Facebook e o Orkut. A multiplicidade de plataformas também contribui neste processo. Smartphones e tablets facilitaram a praticidade do acesso, que não requer mais um assento diante do PC.
Todos estes recursos e inovações tropeçam em um custo óbvio: o financeiro. Arcar com tais investimentos é uma tarefa pesada para jornais ao redor do mundo, que enfrentam dificuldades para encontrar um modelo de negócio capaz de tornar a internet uma fonte de lucros expressivos. Outro desafio destas empresas é definir se seu conteúdo será pago ou não, já que a web permite que outras companhias usufruam comerciamente deste "produto" de forma livre. Washington Post, Times e outros grandes jornais já decidiram restringir suas notícias.
A julgar por todas as mudanças que a internet gerou nesta última década, o cenário mudará inúmeras vezes nos próximos anos. Ainda vivemos um período inicial, ou mesmo Beta, como disse o diretor geral da INFOGLOBO, Paulo Novis, no "Café com Você" com os estagiários. As potencialidades da internet são quase ilimitadas e os usos que serão feito delas são imprevisíveis.
Talvez nunca antes o mercado tenha sido tão aberto a ideias e tão instável para a estruturação de soluções. Uma coisa, porém, não pode mudar: o compromisso das empresas jornalísticas com a sociedade e a notícia.
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