quinta-feira, 20 de maio de 2010

Revelando as fontes

Vinícius Lisbôa

"Um jornalista nunca revela suas fontes". Deixando de lado a máxima do jornalismo investigativo, percebi outro dia como tem sido rica a experiência de circular pelas editorias dos jornais da INFOGLOBO, não apenas por aprender textos e modos de edição diferentes, mas por conhecer pessoas de tipos tão diversos quanto possível.

No primeiro dia de estágio, tive a sorte de visitar meu clube, o Botafogo, e, lá, o azar de tentar entender o que diz o enrolado portunhol de Herrera. Ri das metáforas espirituosas de Joel, que naquela altura já parecia saber que o Alvinegro levaria o título do Estadual. De lá para cá, o que mais ouvi foram histórias.

Do Imperador Adriano ao Príncipe de Orleans e Bragança

Ainda no Esporte, vi um já pressionado Vagner Mancini, me despedi do jornalista Armando Nogueira e tomei chá de cadeira para falar com Adriano, sem sucesso. No mês seguinte, nos Jornais de Bairro, conheci Gilcinéia, uma mãe que perdeu o filho nos deslizamentos de Niterói, e antes que pudesse esquecer as palavras com que narrou o desmoronamento da casa, já estava escolhendo acessórios de luxo para o caderno de decoração, na Tok Stok da Barra da Tijuca.

Falei com uma dona de quiosque, com servidores grevistas do Ibama, com uma vendedora ambulante de 91 anos, com a cabeleireira da procuradora Vera Lúcia Gomes, com uma freira de sotaque alemão e com "Deusa" - Deusenice - que fez questão de apresentar cada desabrigado que conhecera naquela escola, na Zona Norte de Niterói. Estive com autoridades também: ministros, vereadores, deputados, prefeito, governador e até um príncipe, Dom Eudes de Orleans e Bragança, trineto da Princesa Isabel.


Minha primeira vez na delegacia

Na terça-feira, passei por uma experiência inteiramente nova na Editoria Rio. Rafael Lima, de 27 anos, confessava diante dos jornalistas que tinha esfaqueado e escondido o corpo da ex-mulher, Iris Bezerra de Freitas, em uma mala, e a atirado em um canal no Leblon. Chamou-me a atenção como aquele homem intimidado, de palavras pacatas e porte esmirrado, foi capaz de algo assim. Nada o diferenciava de muitos dos personagens que, à essa altura, já tinha entrevistado. Nada além do que confessava diante de flashs, câmeras e gravadores. Uma coisa ficou clara para mim nesse momento: a gente nunca sabe quem está respondendo às nossas perguntas, mesmo quando seu nome está na pauta da matéria.

Fotos: Eliária Andrade e Letícia Pontual

Um comentário:

Dani disse...

Muito bom o post Vinicius!!!
Realmente devem ser sensações completamente diferentes e coisas q vc nunca imagina ver!!
Adorei!!
Bjss